O Jornalista Robério Fernandes elabora matéria com uma homenagem aos Bombeiros que atuam em Brumadinho


A catástrofe provocada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho completou uma semana nesta sexta-feira e as buscas pelas vítimas entraram no seu nono dia neste sábado. A busca incansável pelos desaparecidos foi uma das matérias que o Jornalista Robério Fernandes acompanhou neste sábado. De acordo com o jornalista Caculeense, entre tanto cenário de dor e destruição, o sábado foi dia de poder fazer o trabalho junto aos verdadeiros heróis desta tragédia.  

Já foram encontrados 121 corpos, mas 226 pessoas continuam desaparecidas, mas nossos guerreiros continuam de forma impecável o trabalho de busca pelos corpos atingidos pela tragédia, esta busca é para que familiares mesmo diante de toda a dor possam dar aos seus entes queridos um descanso digno. Recapitulando o ocorrido,    a barragem de rejeitos de minério de ferro da Mina do Feijão rompeu no início da tarde da sexta-feira da semana passada, 25 de janeiro, deixando um rastro de destruição no município. Além das mortes causadas, o tsunami de lama soterrou casas, pousadas e sítios, atingiu o rio Paraopeba (um dos afluentes do rio São Francisco), e provocou danos ambientais tão graves quanto os gerados pelo desastre de Mariana (2015).

Com treinamentos específicos e larga experiência, os bombeiros de vários Estados poderão ajudar nas operações de Minas Gerais em: intervenções em áreas deslizadas, busca terrestre, comando e gerenciamento de crise, ajuda humanitária, resgates, salvamentos, busca e resgate em estruturas colapsadas, atendimentos pré-hospitalares e outras – cujos treinamentos estão compreendidos pelos integrantes das Forças-Tarefas.

Nesta edição de hoje o Jornalista Roberio Fernandes fecha a matéria com uma homenagem a estes guerreiros.

 “Existem homens e mulheres que veêm diariamente a sua imagem refletida nos olhos dos que em desespero chamam por ajuda”. Existem homens e mulheres que não poupam sacrifícios no cumprimento do dever. Estes homens e mulheres poderiam ser chamados de heróis, mas eu prefiro chamá-los de Bombeiros. 

Para ostentar esta farda é preciso ter muito mais do que sonhos, é preciso coragem para ir onde ninguém quer ir, para colocar em risco a vida por pessoas que nunca viu. Para ser bombeiro o corpo precisa de saber que não há diferença entre a madrugada fria ou o verão quente, e que entre a água e o fogo… todos se igualam ao som das sirenes. É preciso saber que não vai ficar rico, que os fracassos serão fantasmas que nos vão perseguir para sempre e o sucesso são nuvens que se dissipam ao amanhecer.  É preciso ser totalmente abnegado, um apaixonado pelo que faz, pois mesmo diante dos piores momentos, dos muitos bombeiros que já conheci, nunca vi algum que tenha por um só minuto se arrependido da escolha que fez. 

Porque ser bombeiro, é também acalmar com palavras, carinho e sorrisos, é transmitir segurança e tranquilidade, é salvar desconhecidos com o mesmo carinho com que se abraça um amigo, é contrariar o desespero dos outros contendo as próprias lágrimas.

Seria injusto dizer que trabalhamos à troca de nada. Pois qualquer um de nós, bombeiros, sabemos apreciar as deleitosas recompensas: a felicidade de uma mãe que deu à luz, o entusiasmo com que um idoso nos conta a sua história e lição de vida, uma palavra, uma lágrima ou um abraço de agradecimento. Não somos super heróis porque não temos poderes mágicos, não somos anjos porque não temos asas, não somos inconscientes porque sabemos os riscos que corremos, somos homens e mulheres com muita força de vontade.

Gostava que pudesses ver a tristeza de um homem, quando o trabalho da sua vida desaparece em chamas, ou uma família que regressa de viagem, e apenas encontra a sua casa e todos os seus bens destruídos. Gostava que pudesses saber, o que é procurar por crianças num quarto incendiado com as chamas por cima da tua cabeça, as palmas das mãos e os joelhos a queimarem enquanto rastejas, o chão a ranger com o teu peso enquanto a cozinha arde mesmo por baixo de ti. Gostava que pudesses saber como é entrar em casa e olhar para a família, não tendo coragem para lhes dizer que quase não voltava para casa da ultima ocorrência. Gostava que pudesses compreender quando temos uma criança a puxar-nos o braço e a perguntar se a mãe está bem, sem sequer conseguir olhar nos seus olhos, pois não podemos deixar cair uma lágrima. E o que é pior, é nem saberes o que responder. Olhem bem à vossa volta e imaginem o que seria do mundo sem os bombeiros.”

Reportagem: Roberio Fernandes
Fotografias:
Roberio Fernandes

 

 

 

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